Reformar o estacionamento fora da via pública é a chave para reduzir as emissões
É preciso implementar mudanças contra a perpetuação da oferta excessiva de vagas de estacionamento em áreas urbanas.
Os municípios brasileiros têm evidenciado uma queda significativa no volume de passageiros utilizando ônibus. Como solucionar essa crise?
17 de julho de 2017Os municípios brasileiros têm evidenciado uma queda significativa no volume de passageiros utilizando ônibus. Há uma série de fatores que justificam essa queda de demanda: o sistema de ônibus em si não é mais adequado às necessidades da população, pois ele peca por falta de flexibilidade, conforto e disponibilidade (muitas vezes decorrentes do enquadramento legal vigente), vantagens inerentes ao carro particular.
Esse fenômeno é causado principalmente pela falta de outras alternativas de transporte — tanto de maior capacidade, como o metrô, quanto de menor capacidade, como microtransporte, transporte alternativo e táxi/TNC coletivo (UberPool, LyftLine).
A falta do primeiro superdimensiona o sistema de ônibus, obrigando esse meio de transporte a servir, também, altas demandas. A falta do segundo causa uma migração dos usuários ricos para o carro particular, e dos pobres para a moto. É, portanto, urgente repensar o transporte coletivo nas nossas cidades.
Em um estudo recente, Luís Martínez e José Viegas, do ITF, simularam para a cidade de Lisboa um sistema de transporte inovador e disruptivo: substituíram os ônibus de linha e horário fixos por sistemas compartilhados.
Os resultados a que eles chegaram foram incríveis, acabando com o congestionamento, reduzindo drasticamente a poluição e a necessidade de estacionamento. Eles comprovam que um sistema minimamente coordenado de vans, táxis e micro-ônibus, muito semelhante à ideia de microtransporte, combinados com uma rede de metrô subterrânea e trens suburbanos, trariam melhores resultados à população do que as redes atuais de ônibus baseadas em troncalização e baldeação.
Conclusões semelhantes foram apresentadas pela American Public Transportation Association, mostrando que os novos sistemas compartilhados contribuem para o uso do transporte coletivo em geral, ao invés de concorrer com ele, diminuindo, assim, os custos com transporte e uso do automóvel.
O grande benefício que o celular trouxe foi a possibilidade de telefonar por um preço acessível, de qualquer lugar, à qualquer hora, sem restrições espaciais ou temporais. Isso fez com que o orelhão e o telefone fixo perdessem suas vantagens competitivas, pois eles tinham limitações espaciais (você tinha que se deslocar a certo local para telefonar) e, eventualmente, temporais (à noite era mais barato telefonar).
Assim como o celular substituiu o orelhão, boa parte dos sistemas de ônibus com linhas e horários fixos, protegidos legalmente de competição e, frequentemente, mal geridos, podem também ser substituídos por sistemas compartilhados. Esta transição será certamente gradual e empresas como Uber, Lyft, Bridj, Chariot e Via poderão contribuir muito.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarÉ preciso implementar mudanças contra a perpetuação da oferta excessiva de vagas de estacionamento em áreas urbanas.
Confira nossa conversa com Germano Bremm e André Machado sobre o ano após a maior enchente da história de Porto Alegre.
Como uma das séries de maior sucesso da história pode estar relacionada com o desenvolvimento urbano e as dinâmicas do mercado imobiliário de Nova York nas últimas décadas?
Poder ter todas as necessidades diárias supridas a apenas 15 minutos de caminhada de casa é uma ideia muito atraente. Mas será que o planejamento urbano é capaz de alcançar isso plenamente?
Cidades brasileiras frequentemente alegam não possuir recursos para ampliar ou melhorar a sua infraestrutura, mesmo para algumas finalidades básicas como zeladoria de espaços públicos ou implantação de ciclovias, ambas de relativo baixo custo.
Dados geoespaciais e análises socioambientais impulsionam o planejamento urbano sustentável, como demonstram os casos de Belo Horizonte e Campinas.
Confira nossa conversa com Victor Macêdo, da Prefeitura de Fortaleza, sobre as transformações na mobilidade urbana da cidade.
A medida da Prefeitura de São Paulo vai na contramão de tudo que uma gestão eficiente da mobilidade urbana e dos espaços públicos deveria ser.
A criação da "Faixa 4" do Minha Casa Minha Vida só reforça as contradições que o programa sempre teve.
Os tugas conseguiram bons resultados porque focaram nos usos e gratificações da população. Para entender o transporte e a “mobilidade” (termo que detesto porque mobilidade tem trocentos significados) é preciso olhar pro cara que está vestindo um saco preto e um capacete chulezenta às 6h da manhã de um dia chuvoso de inverno em Porto Alegre e tentar entender porque ele prefere isso ao ônibus. Quando tivermos esta resposta, teremos a solução para o transporte.
Os tugas conseguiram bons resultados porque focaram nos usos e gratificações da população. Para entender o transporte e a “mobilidade” (termo que detesto porque mobilidade tem trocentos significados) é preciso olhar pro cara que está vestindo um saco preto e um capacete chulezento em cima de uma moto às 6h da manhã de um dia chuvoso de inverno em Porto Alegre e tentar entender porque ele prefere isso ao ônibus. Quando tivermos esta resposta, teremos a solução para o transporte