4 exemplos de apoio às brincadeiras infantis em bairros de baixa renda
Garantir o direito das crianças ao brincar nos espaços urbanos vai muito além da construção de parques e playgrounds.
Vagas gratuitas acabam por ser usadas por quem chega cedo, deixando o carro o dia todo no local e ocupando uma vaga importantíssima para outras pessoas.
23 de novembro de 2017Segundo o professor Donald Shoup, especialista mundial em estacionamento, cerca de 30% do trânsito no centro das grandes cidades é formado por automóveis à procura de vagas gratuitas ou de estacionamento barato na rua. A consequência principal da oferta gratuita de estacionamento é o mau uso do espaço público destinado a estacionamento. Vagas gratuitas acabam por ser usadas por quem chega cedo, deixando o carro o dia todo no local e ocupando uma vaga importantíssima para outras pessoas que chegam ao longo do dia e precisam dela. Além disso, uma das principais variáveis consideradas pelos motoristas quando optam por ir de carro a determinado destino é saber se há estacionamento. Se o poder público oferece vagas gratuitas, ele está, indiretamente, subsidiando e promovendo o carro particular em detrimento dos demais meios de transporte ou, inclusive, de usos alternativos do espaço público.
Entendemos, assim, que todas as vagas públicas gratuitas de estacionamento devem ser ou eliminadas ou cobradas para uso. Uma precificação adequada dessas vagas deve permitir que sempre haja, pelo menos, uma ou duas disponíveis por quarteirão, de forma a permitir que o motorista saia da faixa de trânsito o mais rápido possível, evitando deslocamentos desnecessários. Tal controle pode ser feito por meio de parquímetros comuns, estabelecendo-se faixas de preços diferentes por região e faixa horária, ou ainda utilizando plataformas tecnológicas mais avançadas, como sensores nas vagas que verificam a disponibilidade, ajustam o preço de acordo com a demanda e informam os motoristas por meio de aplicativos de celular, como a experiência do SFPark já realizada em San Francisco, nos Estados Unidos.
Essa prática pode melhorar significativamente o sistema de transporte de uma cidade. Para motoristas, significa menos tempo e combustível gasto para encontrar uma vaga para estacionar, o que também leva a uma redução das emissões de poluentes na localidade. Para a cidade, reflete uma melhoria da fluidez e da qualidade do trânsito ao retirar de circulação veículos que transitam desnecessariamente e veículos que param em fila dupla, em ciclovias e em paradas de ônibus para esperar a liberação de uma vaga. A cobrança pelo estacionamento também deve reverter uma importante fonte de receita para o município, que pode utilizar os recursos para melhorar a infraestrutura da própria via, inclusive a calçada.
O argumento para a eliminação de vagas públicas se torna mais evidente em casos de vias que atualmente permitem estacionamento em ambos lados, dificultando a implementação de ciclovias e o melhoramento de calçadas. Eliminando o estacionamento em um dos lados da via e cobrando pelo estacionamento no outro lado, é possível manter vagas rotativas para atender a comerciantes e escritórios, enquanto se reverte para a cidade um importante espaço público que pode ser transformado em uma calçada ampliada, um espaço de permanência — como os parklets —, uma ciclovia ou até mesmo uma faixa adicional de rolamento, valorizando as propriedades no entorno.
Para facilitar o acesso ao conteúdo do Guia de Gestão Urbana, publicamos todas as propostas apresentadas no livro na sua ordem original. Você as encontra em https://caosplanejado.com/guia, junto do link para download gratuito do livro.
Somos um projeto sem fins lucrativos com o objetivo de trazer o debate qualificado sobre urbanismo e cidades para um público abrangente. Assim, acreditamos que todo conteúdo que produzimos deve ser gratuito e acessível para todos.
Em um momento de crise para publicações que priorizam a qualidade da informação, contamos com a sua ajuda para continuar produzindo conteúdos independentes, livres de vieses políticos ou interesses comerciais.
Gosta do nosso trabalho? Seja um apoiador do Caos Planejado e nos ajude a levar este debate a um número ainda maior de pessoas e a promover cidades mais acessíveis, humanas, diversas e dinâmicas.
Quero apoiarGarantir o direito das crianças ao brincar nos espaços urbanos vai muito além da construção de parques e playgrounds.
Nem tudo o que é prometido em termos de infraestrutura e serviços acaba sendo entregue pelas intervenções. Já a sensação de segurança, endereçada indiretamente pelas obras, pode aumentar, apesar de os problemas ligados à criminalidade persistirem nas comunidades.
Confira nossa conversa com Ricky Ribeiro e Marcos de Souza sobre o Mobilize Brasil, o primeiro portal brasileiro de conteúdo exclusivo sobre mobilidade urbana sustentável.
A criação de novas rotas de transporte informal pode ajudar a atender às necessidades de deslocamento de muitas pessoas.
Uma série de semelhanças entre a capital paulista e a guatemalteca, como a violência e a desigualdade social, levou ambas a um polêmico ranking de cidades mais feias do mundo. A coincidência me pareceu um convite para compararmos dois “bairros planejados” dessas cidades: o Jardim das Perdizes, em São Paulo, e Cayalá, na Cidade da Guatemala.
O filme Dias Perfeitos destaca os banheiros públicos de Tóquio enquanto promove reflexões sobre a vida na cidade.
Estudo que compara o modelo de financiamento público com o baseado nas Operações Urbanas Consorciadas (OUC) mostra resultados igualmente desafiadores.
Como podemos deixar de incentivar o desenvolvimento suburbano disperso e monótono, para promover a criação de cidades vivas, responsivas e acessíveis?
As cidades, com sua capacidade de utilizar recursos de forma inovadora, impulsionam o desenvolvimento humano.
Apoiado! Só quero ver a gritaria dos que perderão as vagas gratuitas. Ninguém quer pagar por nada.
Recomendo estudo sobre vagas gratuitas em Brasília. Aqui não são vagas…são estacionamentos inteiros gratuitos.