Webinar | Case Puerto Madero em Buenos Aires
Confira o webinar com o arquiteto e urbanista Roberto Converti sobre o projeto de revitalização do Puerto Madero, em Buenos Aires.
Sabe aquelas voltas que os motoristas dão buscando uma vaga gratuita na rua, principalmente nas regiões centrais das cidades? Elas chegam a formar 30% do tráfego, e são uma das principais causas do congestionamento.
14 de outubro de 2017Em uma nova pesquisa sobre políticas de estacionamento no Journal of Economic Geography, Jan Brueckner e Sofia Franco argumentam que incorporadores residenciais deveriam ser obrigados a fornecer mais vagas de estacionamento interno em regiões onde estacionamentos na rua contribuem para congestionamentos. Eles argumentam que, como esses congestionamentos são uma externalidade negativa, requisitar vagas fora das ruas seria benéfico para a vida urbana. Mas vagas nas ruas só contribuem para congestionamento quando administradores públicos cobram pouco por elas. Ao invés de abordar a externalidade de um problema criado pelo governo com novas regulações, cidades deveriam precificar suas vagas públicas apropriadamente.
O argumento de Brueckner e Franco é baseado na suposição de que vagas de estacionamento fora da rua não serão suficientemente fornecidos sem intervenção do governo. Eles afirmam que, já que motoristas dão voltas procurando por vagas gratuitas ou baratas, requisitos mínimos de estacionamentos melhoram as vidas das pessoas. Os autores estão corretos ao assumir que vagas nas ruas contribuem para o problema do congestionamento. Donald Shoup estima que motoristas que dão voltas buscando por vagas formam cerca de 30% do tráfego de áreas centrais. Essa procura impõe um custo extra nos outros ao fazer com que todo mundo perca tempo em um tráfego lento.
Enquanto os autores realmente citam o trabalho de Shoup, eles ignoram sua conclusão de que, quando vagas são precificadas apropriadamente, as cidades conseguem eliminar essa externalidade. O incentivo a dar voltas buscando por vagas tem origem nas políticas públicas, quando administradores oferecem vagas nas ruas por preços abaixo do mercado. Quando valores de estacionamento são suficientemente altos, motoristas deixam algumas vagas disponíveis em cada quadra, eliminando o problema das voltas em busca de estacionamento sem a necessidade de requisitos mínimos de estacionamento.
O programa SFPark, de São Francisco, é um exemplo de implementação bem sucedida de preços variáveis baseados na demanda. O programa tem o objetivo de manter uma a duas vagas disponíveis em cada bloco, para que motoristas não contribuam para o congestionamento quando estão buscando por estacionamento.
Quando estacionamento custa o suficiente para motoristas não dirigirem em voltas procurando por vagas, desenvolvedores têm a iniciativa de oferecer a quantidade de estacionamento pelo qual que seus consumidores estão dispostos a pagar. Eles estão em uma posição melhor para determinar se o valor do terreno faz com que valha a pena cobrar pelas vagas, ou se eles ganhariam mais ao incluir estacionamentos gratuitos aos seus consumidores.
Incorporadores não são responsáveis por criar congestionamento. São os administradores públicos que criam essa externalidade quando oferecem vagas gratuitas ou em valores baixos demais nas ruas das suas cidades. Isso faz com que motoristas gastem mais tempo e gasolina. Estacionamento não é um bem público necessário para ser providenciado dessa forma.
Em seus esforços para propor políticas que reduzem externalidades no tráfego, Brueckner e Franco ignoram que estacionamentos obrigatórios fora das ruas geram suas próprias externalidades negativas. Nada prejudica mais a experiência do pedestre de um bairro do que extensas faixas de vagas de estacionamento — que também contribuem para ilhas de calor urbano e alagamentos. Shoup mostra que em muitos casos requisitos mínimos de estacionamento acentuam esses problemas ao obrigar desenvolvedores a construir mais vagas do que eles escolheriam construir. Isso leva a terrenos desperdiçados com estacionamentos, quando poderiam ser usados de forma mais eficiente. Quando administradores dão preços apropriados às vagas nas ruas, incorporadores têm incentivos para providenciar uma quantidade de vagas que seus consumidores estarão dispostos a pagar por, ao invés daquilo que as regulações os obrigam.
Ao invés de lidar com o fracasso do governo ao cobrar muito pouco em vagas nas ruas com novas regulações, administradores deveriam corrigir o problema que eles criaram precificando essas vagas de maneira apropriada. Eles podem escolher acabar com o congestionamento usando preços baseados na demanda. Quando eles decidem resolver problemas criados por eles mesmos com regulações eles acabam, no lugar, criando novas ineficiências.
Este artigo foi originalmente publicado no site Market Urbanism, por Emily Hamilton, em 27 de abril de 2017. Foi traduzido por Gabriel Prates e revisado por Anthony Ling.
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