Há o que comemorar nas cidades no mês urbano?

17 de outubro de 2025

No dia 31 de outubro, é celebrado o Dia Mundial das Cidades, criado em 2013 pelas Nações Unidas para refletir sobre o papel que as cidades desempenham no desenvolvimento sustentável. 

Mas afinal, temos o que celebrar nas nossas cidades? Em tempos de crise climática e desigualdades, há consciência de que o modelo urbano está em falência e precisando se renovar. E um dos caminhos de inversão é a promoção de ambientes mais caminháveis. Para dar visibilidade a iniciativas que assumem essa missão, nós, do Instituto Caminhabilidade, criamos o Prêmio Cidade Caminhável, que reconhece políticas públicas voltadas a quem se desloca a pé.

Em sua 3ª edição, o prêmio, que ocorre desde 2021 de forma bienal, contou com o apoio da Urban95 e a parceria institucional da Walk21 para mapear e reconhecer as ações. Neste ano, o número de projetos quase dobrou em relação às edições anteriores. Foram 57 inscrições válidas, provenientes de 38 cidades de 13 estados, realizadas em 2023 e 2024 pelo poder público. O Prêmio inclui cidades pequenas (até 100 mil habitantes), médias (até 800 mil habitantes) e grandes (mais de 800 mil habitantes).

Em Anicuns (GO), o projeto “Escola em Movimento: Urbanismo Tático para um Entorno Escolar Seguro e Acolhedor” teve um processo completamente inusitado. A ideia surgiu como trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo da Nayure Oliveira, que, com ousadia, abordou uma vereadora da cidade para apresentar. A partir daí, a iniciativa foi acessando outras redes, como de empreendedoras, da prefeitura, da escola e de estudantes de uma faculdade próxima, e com isso conseguiu recursos (não apenas financeiros, mas de colaboração) para a sua realização. O urbanismo tático no entorno escolar em uma cidade de cerca de 20 mil habitantes se mostrou inovador e conseguiu melhorar o caminho escolar em uma área próxima a rodovias estaduais.

Outro exemplo é em Natal (RN): a Reurbanização da Avenida do Contorno, liderada pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU), transformou uma via antes dominada por carros em um espaço equilibrado e seguro para pessoas, ciclistas e caminhantes. Isso foi feito com a redução de quatro para duas faixas de passagem de veículos motorizados, possibilitando a criação de um calçadão acessível, uma ciclovia e uma pista de cooper, que hoje são como um parque linear na orla do Rio Potengi. O espaço contemplou praças e quadras de esportes e passou a receber feiras de artesanato e eventos todas as semanas, mostrando que a caminhabilidade e potencialização da economia estão diretamente relacionadas. 

No Centro-Oeste, o projeto “Viva Campo Grande”, na capital do Mato Grosso do Sul, promoveu a requalificação do centro com a transformação da principal rua da região, a 14 de julho, com foco nas calçadas, no mobiliário e na arborização. Mas para além da rua, o projeto pensou o território como um todo, englobando mais de 80 quadras, além de corredores de ônibus para a acessibilidade do espaço. Para fazer a ativação do centro de forma contínua, eles compreenderam que era preciso estimular mais moradia, e com isso integraram a criação de conjuntos habitacionais para o Minha Casa Minha Vida com parceria público-privada, construindo a primeira habitação de aluguel social para pessoas idosas da cidade. 

Esses projetos ensinam que a caminhabilidade deve ser celebrada para criarmos cidades melhores para se viver!

Para saber sobre todos os projetos, acesse: Mapa Cidade Caminhável.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Caos Planejado.

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Organização liderada por mulheres, movida pela urgência de alcançar a equidade de gênero e enfrentar a crise climática, desenvolve cidades caminháveis com o protagonismo da cidadania. (instituto@caminhabilidade.org)
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